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Como funciona a recuperação após o transplante hepático?

Por Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio24/06/2020
Tempo de leitura: 5 minutos
Por Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio
24/06/20
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Como Funciona A Recuperação Após O Transplante Hepático | Clínica Hepatogastro
Como Funciona A Recuperação Após O Transplante Hepático? 2

O fígado é um órgão que tem a capacidade de se regenerar, mas isso não significa que ele seja indestrutível. Algumas doenças, como hepatites e esteatose, podem causar danos graves, permanentes e irreversíveis, que fazem com que ele perca as suas funções gradativamente, o que é conhecido como cirrose.

Quando o fígado já não consegue mais suprir as necessidades do organismo, uma alternativa de tratamento curativo é o transplante, que ajuda a salvar a vida desses pacientes. O procedimento é bem-sucedido na maioria dos casos, mas é preciso bastante cuidado durante o pós-operatório.

A atenção primária é fundamental para que o organismo se recupere e aceite o novo fígado. Entretanto, esses cuidados precisam ser mantidos em médio e longo prazo, já que o paciente precisará de atenção durante toda a vida.

Para que você entenda melhor como esse processo funciona, preparamos este artigo explicando como acontece a recuperação de pacientes transplantados e as medidas adotadas para garantir sua saúde e qualidade de vida. Continue lendo!

Período de recuperação pós-cirurgia

Os cuidados com a recuperação do paciente transplantado se iniciam assim que cirurgia é finalizada. Nas primeiras horas ele precisará ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva, geralmente por um ou dois dias. NA UTI, há profissionais que cuidam exclusivamente do transplantado, permitindo o acompanhamento de todas as suas funções vitais e do funcionamento do novo órgão a cada 24 horas.

Alguns pacientes podem precisar de aparelhos para manter a respiração e urinar, de forma temporária. De toda forma, os transplantados são monitorados, passam por exames laboratoriais e recebem medicações que minimizam os desconfortos da cirurgia, evitam infecções e previnem a rejeição do órgão.

É importante lembrar que o organismo do paciente percebe o novo fígado como sendo um corpo estranho. Por isso, o sistema imunológico tende a atacá-lo para eliminá-lo, então, é necessário fazer a administração dos imunossupressores, que evitam essa reação, conhecida como rejeição.

Nas primeiras horas, o paciente precisará ser mantido em jejum. Serão observadas as suas condições clínicas para verificar se ele já pode receber líquidos e alimentos leves pela boca. Lentamente a dieta será aumentada. A expectativa é que o transplantado possa retornar a comer normalmente, sem restrições, em poucos dias.

Durante o período em que se encontra na UTI, também pode ser necessário o uso de outros dispositivos que auxiliam no cuidado e monitoramento inicial do transplantado, dependendo das condições do paciente. Esse é o caso da sonda vesical, da nasogástrica, do cateter venoso central, da linha arterial e de drenagem abdominal.

Recuperação na enfermaria

A velocidade de recuperação do paciente, bem como o maior ou menor risco de complicação, depende muito das condições clínicas gerais que ele já apresentava antes da cirurgia. Ela também é influenciada pela qualidade do fígado que foi recebido e de como aconteceu a cirurgia. Sendo assim, alguns se recuperam mais rápido e outros mais devagar.

De toda forma, assim que deixa a UTI, o transplantado é encaminhado para um quarto ou leito enfermaria porque ele ainda não pode voltar para casa. Precisa ficar internado por cerca de uma semana, a fim de manter o monitoramento, recuperar a capacidade de locomoção e alimentação sem dor e sem auxílios, além de ajustes nos remédios que previnem rejeição.

Assim que suas condições clínicas gerais estão estabilizados e os riscos de complicação já minimizaram, o transplantado recebe alta hospitalar. Porém, ainda precisará ser acompanhado com consultas em ambulatório e coleta de exames laboratoriais para garantir a sua recuperação completa e o funcionamento adequado do fígado novo. Estas consultas são mais frequentes logo após a alta hospitalar e diminuem com o tempo para poucas visitas anuais.

Pós-operatório do transplante de fígado em casa

Ao voltar para casa o transplantado precisará receber cuidados, principalmente no que se refere à higiene e à proteção da sua saúde. Isso porque é preciso evitar qualquer enfermidade contagiosa, já que o sistema imunológico não está completamente fortalecido.

Em alguns casos, sera necessário além dos medicamentos para evitar rejeição o uso de antimicrobianos e recomenda-se uso de máscara nos primeiros dias, o mínimo de contato com parentes e amigos, bem como afastamento de animais e pessoas portadoras de enfermidades. Além disso, é preciso que os ambientes sejam mantidos muito bem limpos e arejados, garantindo, ainda, a boa higiene pessoal.

Podem ser praticadas atividades leves, como a caminhada e atividade física será aumentada semanalmente. Nos primeiros meses é preciso evitar esforços muito intensos, em especial com o abdômen.

A dieta será para prescrita de forma individualizada, mas de um modo geral será rica em legumes, frutas, verduras e fibras, minimizando o consumo de sódio, açúcar e gorduras, bem como de carne vermelha. Um cuidado particular é com o ganho de massa muscular no período pós-operatório para que o transplantado retorne progressivamente sua força física e consiga retorna a sua vida cotidiana normal. No longo prazo, uso de vacinas, cuidados gerais com a saúde, incluindo manutenção do peso ideal por dieta e exercícios apropriados, serão fundamentais para uma vida longa e saudável.

Os cuidados em casa são muitos, sendo esses apenas alguns exemplos das recomendações feitas para o transplantado de fígado. O ideal é conversar com o médico e ficar atento a todas as suas instruções, para garantir a boa recuperação e minimizar o risco de complicações ou de rejeição.

Ingestão de imunossupressores

Conforme explicamos, os medicamentos imunossupressores são fundamentais para que o organismo não rejeite o novo fígado. As primeiras dosagens receitadas tem uma concentração mais alta, mas com o passar do tempo ela pode ser reduzida gradativamente, mantendo-se apenas para evitar a reação do sistema imunológico contra o órgão.

A maioria dos pacientes precisa ingerir os imunossupressores durante toda a vida porque o risco de rejeição existe, mesmo depois de décadas do transplante. De toda forma, como explicamos, a dosagem da medicação é reduzida ao máximo e ajustada para cada paciente.

Seguindo todas as orientações médicas o paciente transplantado pode levar uma vida normal, mantendo os seus estudos, trabalho e momentos de lazer. Assim, terá um fígado saudável que cumprirá todas as suas funções, garantindo saúde e qualidade de vida.

Dr. Marcos Paulo Gouveia de Oliveira | Hepatogastro

Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio

CRM: 143673 | RQE : 58423 - Cirurgia do aparelho digestivo
O Dr. Paolo Rogério de Oliveira Salvalaggio é Mestre e Doutor em Cirurgia. Pós-doutorado e Fellow nos Estados Unidos. Especialista em Cirurgia Digestiva e Videocirurgia. Atua como cirurgião do aparelho digestivo, com ênfase em cirurgia de fígado, pâncreas e vias biliares.
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Última atualização: 16/04/2024 às 14:40
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