O fígado é a maior glândula do organismo. Ele se localiza do lado direito do abdômen e é constituído por milhões de células, os hepatócitos, que apresentam organização espacial característica, em meio a veias, artérias e canais biliares. Cada uma dessas células atua como uma microindústria responsável por uma função específica para a preservação da vida. São mais de 500, todas elas essenciais para o funcionamento e equilíbrio do organismo.
Só para dar alguns exemplos, além de secretar a bile, enzima necessária para a digestão das gorduras, cabe ao fígado armazenar glicose e algumas vitaminas, produzir proteínas, como a albumina e as ligadas à coagulação do sangue, metabolizar o colesterol, o álcool e alguns medicamentos, filtrar micro-organismos que transmitem infecções, e converter a amônia oriunda do intestino em ureia.
O fígado é dotado de intensa capacidade de regeneração, o que representa grande vantagem nos transplantes intervivos. Quando uma pessoa saudável doa, em geral, de 20% a 30% do seu fígado para um doente, em pouco tempo o órgão se recompõe completamente, sem nenhuma sequela para o doador.
Apenas os tumores malignos primários, isto é, aqueles em que o foco inicial da enfermidade ocorre no próprio fígado, são considerados câncer de fígado. Os secundários são metástases, ou seja, são ramificações de tumores localizados em outra região do corpo, por exemplo, nos intestinos, pulmões, estômago ou mamas. Isso acontece quando células tumorais se deslocam desses órgãos e atingem o fígado através da corrente sanguínea e dos vasos linfáticos. Por isso, esses tumores são classificados segundo sua procedência (câncer de intestino, câncer de pulmões, etc.).
O carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma é a forma mais comum de tumor maligno primário do fígado, pois responde por 80%, 90% dos casos da doença em adultos. Ele se desenvolve no hepatócito, a principal e mais numerosa das células hepáticas.
O colangiocarcinoma, por sua vez, responsável por um em cada dez tumores malignos de fígado, nasce nos ductos que transportam a bile para o intestino. Existem, ainda, o carcinoma hepático variante fibrolamelar, bem menos frequente e com melhor prognóstico do que os outros, o angiossarcoma, que se desenvolve nos vasos sanguíneos do interior do fígado e o hepatoblastoma que afeta as crianças.
A cirrose (formação de cicatrizes ou nódulos que bloqueiam a circulação do sangue, em geral, provocada pelo uso abusivo de álcool) e as infecções crônicas causadas pelos vírus das hepatites B e C são os principais fatores de risco para os tumores primários de fígado.
No entanto, existem outros que também merecem destaque:
Nos estágios iniciais, o câncer de fígado primário costuma ser assintomático. Quando os sinais aparecem, as queixas mais comuns são:
Na presença de metástases de fígado em outros órgãos, os sintomas têm as seguintes características:
O diagnóstico do câncer de fígado baseia-se nos seguintes pilares:
Como nas fases iniciais do câncer de fígado, os sintomas raramente se manifestam, muitas vezes, o diagnóstico é feito quando a doença alcançou estágios mais avançados e já produziu metástases à distância. Por isso, as pessoas que pertencem aos grupos de risco, devem realizar exames periódicos de imagem e de marcadores tumorais para detectar a presença de lesões precocemente.
A melhor forma de prevenir o aparecimento de tumores malignos no fígado é evitar os fatores de risco, especialmente o excesso de álcool e as infecções pelo vírus das hepatites B e C.
O tratamento do câncer de fígado evoluiu muito nas últimas décadas. A retirada cirúrgica do tumor e de parte do fígado é o procedimento indicado quando a lesão é pequena e a função hepática está preservada. Quando isso não é possível, a alternativa é o transplante de fígado.
Para as situações em que nem a cirurgia nem o transplante podem ser indicados, existem opções terapêuticas mais conservadoras como a criocirurgia (congelamento das células malignas), a ablação por radiofrequência (ondas elétricas provocam aumento da temperatura dentro do tumor), a alcoolização (injeção de álcool absoluto dentro do tumor) e a quimioembolização (aplicação de microesferas contendo agentes quimioterápicos). Outra possibilidade de tratamento para os casos mais avançados é a terapia antiangiogênica, que consiste em aplicar dentro dos vasos que alimentam o tumor drogas quimioterápicas para interromper o fornecimento de sangue e inibir a formação de novos vasos. A radioterapia é um recurso só ocasionalmente benéfico.
A escolha do tratamento mais adequado para cada caso leva em conta uma série de fatores, como o estágio e evolução da doença, a idade do paciente, suas condições clínicas e da função hepática. Nem sempre é possível obter a cura definitiva, mas é sempre viável estender os benefícios do tratamento por mais tempo e com melhor qualidade de vida.
Tenha sempre em mente que a principal arma contra o câncer de fígado é a prevenção e sua detecção precoce. Assim sendo:
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